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"Charlie Charlie" e a fé católica



Por Padre Geraldo Trindade, Arquidiocese de Mariana

 Padre Geraldo Trindade
O QUE TEM ACONTECIDO com as brincadeiras? O que significa o "desafio Charlie"? Nos últimos dias a prática dessa “brincadeira” tem preocupado pais, professores e a Igreja. 

Essa prática tem sido muito recorrente no meio dos adolescentes e tem como propósito invocar espíritos maus através da invocação de “Charlie”, um suposto espírito mexicano, a responder se está ali ou não. Há várias controvérsias sobre este espírito na cultura mexicana ou de povos antigos. Porém, a grande preocupação está na proximidade com o mal, o ocultismo, a invocação de espíritos e demônios. 

O grande mal está em abrir as portas do coração para a ação do mal e do demônio na vida das pessoas em uma prática real e concreta Quem participa de tais rituais atrai, além de danos espirituais, danos psicológicos e morais. Tais práticas advém da curiosidade e da falta de fé cada vez mais frequente entre as pessoas. Quando se invoca o mal acaba-se renegando a Deus, deixando-se de amá-Lo sobre todas as coisas e pedindo o auxílio de forças maléficas para a vida. Deve-se tomar cuidado! O demônio quer mesmo que se o invoque, mesmo que seja numa “brincadeira”. 

Invocar as forças ocultas do mal é pecar contra o primeiro Mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas. O próprio Deus proíbe que se procure adivinhações, feitiçaria, mágica, invocação de mortos (Dt 18, 10-12; Lv 19,31; 2 Rs 17,17; Mq 5,11). Estes que buscam segurança nestas coisas serão renegados por Deus.
O mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O ‘diabo’ (‘diabolos’) é aquele que ‘se atira no meio’ do plano de Deus e de sua ‘obra de salvação’ realizada em Cristo. (Catecismo da Igreja Católica, 2851) 

O Papa Francisco, no dia 30 de outubro de 2014, alertava em sua Missa na Casa Santa Marta: “Fizeram crer a esta geração, – e a tantas outras, – que o diabo era um mito, uma figura, uma ideia, ideia do mal, mas o diabo existe e nós temos de lutar contra ele”. A luta contra o demônio é se armar com o escudo da fé. Não é um simples confronto, mas um contínuo combate. Por isso é preciso buscar a Deus, rezar, ouvir e colocar em prática a Palavra de Deus, receber a Eucaristia, a fim de que se possa "ser santo (separado) como Deus é Santo" (1Pe 1, 15-16; Mt 5,48).

Cristo venceu o príncipe do mundo quando se entregou na cruz. Rezando o Pai Nosso ('livrai-nos do mal'), pede-se a libertação de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais o demônio é autor e instigador.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, instantemente o pedimos; e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
(Papa Leão XIII)
A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão meu guia. Retira-te Satanás! Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno!
(Oração da Medalha Sacramental de São Bento)

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