A Igreja celebra tanto o seu nascimento (24 de junho) quanto o seu martírio (29 de agosto) em solenidades próprias
Por Felipe Marques
JOÃO BATISTA é a voz que nasce de um pai mudo e a alegria que brota num ventre estéril. O seu próprio nome (ןָנָחוֹי –Yôhanan) é uma mensagem, a mensagem de alegria que esta voz irá anunciar: “Deus Dá a Graça”. João Batista, ponte entre o Antigo e o Novo Testamento, está intrinsecamente ligado ao plano de salvação do Cristo, assim como os demais profetas que passaram pela Terra anunciando a vinda do Messias. Visto que seu nascimento também é um milagre, João Batista não é apenas outro profeta que anuncia o Cristo, mas o último profeta que anuncia o Salvador, e convive com Ele.
JOÃO BATISTA é a voz que nasce de um pai mudo e a alegria que brota num ventre estéril. O seu próprio nome (ןָנָחוֹי –Yôhanan) é uma mensagem, a mensagem de alegria que esta voz irá anunciar: “Deus Dá a Graça”. João Batista, ponte entre o Antigo e o Novo Testamento, está intrinsecamente ligado ao plano de salvação do Cristo, assim como os demais profetas que passaram pela Terra anunciando a vinda do Messias. Visto que seu nascimento também é um milagre, João Batista não é apenas outro profeta que anuncia o Cristo, mas o último profeta que anuncia o Salvador, e convive com Ele.
Há 6 meses de distância entre o nascimento de São João Batista e o de Nosso Senhor Jesus Cristo. João é o Precursor; profeta ao mesmo tempo do Antigo Testamento e da Nova Aliança entre Deus e os homens; – essa conexão se dá através da seguinte realidade: seu pai, Zacarias, que era sacerdote, está no Templo, lugar do culto da antiga Aliança. Ali, onde ele oferta o sacrifício a Deus, recebe o anúncio angélico do nascimento de seu filho.
Tanto Zacarias quanto Isabel eram de idade avançada; além disso, Isabel era estéril. Devido à incredulidade no anúncio do Anjo, São Gabriel, Zaca-rias perdeu a voz, recuperando-a somente quando São João Batista nasceu. Santo Agostinho nos faz ver o quanto é significativo que o Batista, tido como a Voz que Clama no Deserto, ao nascer, dê também a voz de volta ao seu pai. Porque era importante que o Antigo testamento, que já havia então esvaziado seu conteúdo, se tornasse agora uma voz realmente, uma voz capaz de anunciar a chegada do Messias. Os Padres da Igreja traçam o seguinte paralelo: São João Batista é a voz, e Nosso Senhor Jesus Cristo é a Palavra. A Palavra é mais que a voz: João Batista é um veículo que transmite a Mensagem, e Jesus é a própria Mensagem.
No Evangelho segundo São João, – no versículo 30 do capítulo 3, – diz o Batista: “Convém que Ele cresça e eu diminua”. É necessário entender essa relação que São João tem com o Antigo Testamento, que deve diminuir, para que a Boa Nova cresça. O Antigo Testamento perde a voz, para que a Mensagem real, que é o próprio Cristo, seja entregue a todos.
Outro fato significativo é que de um útero estéril nasceu São João Batista. Do útero infrutuoso de Isabel nasce o Anúncio da Vida. A alegria éfruto do amor, e só se alegra quem sabe que é amado. A alegria floresce de uma ação racional da alma inteligente, que recebe uma notícia, e essa notícia, por sua vez, tem um conteúdo que nos alerta para a realidade de que somos amados por Deus, – e esse conteúdo, esse alerta, é uma graça divina! Vemos, pela vida de São João Batista, que não somos frutos do acaso; nós fomos pensados e acalentados pelo Pensamento divino, como está escrito em Isaias 49: “O SENHOR chamou-me antes de eu nascer; desde o ventre de minha mãe, Ele tinha meu
nome”. Deus nos sonhou, e aqui está a fonte da verdadeira alegria: podemos dizer que temos a certeza de que desde o ventre de nossas mães fomos queridos, fomos amados e desejados.
Não é possível ir ao Novo Testamento sem passar pelo Antigo Testamento. É necessário passar pelo deserto para depois chegar à Fonte de Água da Vida; São João Batista é o novo Elias que combateu a idolatria, contra os anunciadores de Baal. Antes de destruir a idolatria externa, porém, é necessário destruir a idolatria interna. João vai para o deserto, se veste com pele de camelo e come gafanhotos com mel, demonstrando total despojamento de si mesmo, para que Deus possa falar verdadeiramente com ele e por ele; para que Cristo cresça e o Batista diminua.
Comparado ao grande profeta Elias pelo próprio Cristo (Mt 11,1-19), São João Batista, “o maior entre aqueles que nasceram de mulher”, é a representação pura do ascetismo cristão, o reflexo do despojo de si mesmo que culmina na Glória de Deus. Desde o ventre de sua mãe, foi agraciado com diversos dons, um deles motivo de reflexões referentes à saudação de Nossa Senhora para sua prima Isabel, porque muitos se perguntaram: como pôde uma criança em desenvolvimento, um feto de 6 meses estremecer de alegria ao ouvir a saudação da Mãe de Deus? Em resposta, os escolásticos se dividem em dois grupos distintos:
a) Aqueles que creem que essa alegria se deu pura e simplesmente devido um milagre de Deus, uma graça;
b) Aqueles que creem que Deus, em sua imensa Glória, permitiu que aquele feto fizesse uso da razão de forma antecipada e então, diante da saudação de Maria Puríssima, sentisse alegria.
São, ambas, belíssimas posições, e nas duas vemos o Poder e a Glória de Deus que age em favor de seus pequeninos. Essa visão pode ser notada em toda a vida de João, que afirmou com grande convicção “Depois de mim vem Outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia das sandálias” (Mc 1,7).