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Nossa Senhora de Fátima e a paz no mundo

Por Dom Carlos Lema Garcia

Vigário Episcopal para a Pastoral da Educação e a Universidade


LÚCIA, A MAIS velha das videntes de Fátima, contava somente 10 anos quando Nossa Senhora lhes apareceu pela primeira vez, no dia 13 de maio de 1917. Seus primos, Jacinta e Francisco, tinham 7 e 8 anos respectivamente. A Europa estava em plena Primeira Guerra Mundial. Era meio-dia. De repente, sobre uma azinheira, no centro de uma grande auréola de luz que os envolveu, as crianças viram uma formosa senhora, mais resplandecente que o sol.

 – De onde sois, Senhora?

 – Sou do Céu.

Assim começou a primeira conversa entre Nossa Senhora e Lúcia. Entre maio e outubro, houve seis aparições de Nossa Senhora. Pediu-lhes que rezassem o terço todos os dias, e que fizessem penitência. Eles procuraram modos de fazer penitência: começaram a deixar seu lanche para o rebanho comer ou amarrar uma corda fortemente na cintura etc.

Na terceira aparição, Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia a seu Imaculado Coração – os pastorinhos ignoravam o significado da palavra Rússia – e a Comunhão reparadora dos primeiros sábados. Nessa aparição também recomendou: “Quando rezarem o terço, no final de cada dezena, digam: 'Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai todas as almas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem'”.

Na última aparição, em 13 de outubro, Nossa Senhora disse-lhes: “Eu sou a Virgem do Rosário. Desejo que neste lugar se levante uma capela em minha honra”. Como havia anunciado, nesse dia teve lugar o milagre do sol, presenciado por umas 70 mil pessoas, que se haviam dirigido à Cova da Iria, e foi publicado com detalhe na imprensa.

Chovia torrencialmente. De repente, a chuva cessou e as nuvens, escuras desde cedo, se dissiparam. O sol apareceu no zênite como um disco de prata que se podia olhar sem se ofuscar. Ao redor do disco distinguia-se uma coroa brilhante. De improviso, começou a tremer, a sacudir-se com movimentos bruscos, projetando, em todas direções, feixes de luz cuja cor mudava muitas vezes”.

A mensagem de Fátima contém um aspecto de exigência cristã: é necessário desagravar a Deus por todos os pecados cometidos, fazer penitência, rezar o Rosário, difundir a devoção ao Imaculado Coração de Maria, e rezar muito pelo Papa.

Jacinta e Francisco, tal como Nossa Senhora anunciou, morreram pouco depois das aparições. Lúcia, de acordo com o desejo expresso de Maria, aprendeu a ler e a escrever; em 1926 entrou para a Congregação das Doroteias na cidade do Porto. Mais tarde, foi admitida no Carmelo de Coimbra.

Como Nossa Senhora havia previsto, a Segunda Guerra começou muito mais violenta que a primeira. Portugal, por graça dela, ficou à margem do conflito.

Na quarta-feira, 13 de maio de 1981, festa de Nossa Senhora de Fátima, havia a audiência geral na praça de São Pedro quando o Papa João Paulo II sofreu um grave atentado. Um terrorista de nacionalidade turca atirou no Papa a uma pequena distância. Por muito pouco, uma das balas não atingiu a veia aorta, o que produziria uma hemorragia instantânea, que lhe impediria chegar com vida ao hospital.

Um ano depois, nesta mesma data, São João Paulo II viajou a Portugal para agradecer a Nossa Senhora de Fátima a sua sobrevivência ao atentado.

A 25 de março de 1984, o Papa João Paulo II, em união com os bispos do mundo inteiro, decidiu renovar a consagração do mundo e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria diante da Imagem de Fátima, trazida expressamente para a praça de São Pedro, com a presença de 200 mil pessoas.
Em 9 de novembro de 1989 caiu o muro de Berlim: uma comprovação das revelações de Nossa Senhora dirigidas aos pequenos pastores de Fátima.

Tal como na época das aparições de Nossa Senhora em Portugal, vivemos hoje semelhantes panoramas de agressão e de guerra, em que muitos cristãos sofrem amargas perseguições. Seguindo o exemplo dos pastorinhos de Fátima, elevamos a Deus a nossa oração, por intercessão de Maria, Mãe de Jesus, para consolar os que sofrem e encontrar um caminho para a paz nas nações em conflito, conforme o Papa Francisco não cessa de nos pedir.

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Fonte:

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO, Jornal 'O São Paulo' nº 3051, ano 60, p. 5.

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