O Prefeito da Liturgia do Vaticano pede que todos os sacerdotes e bispos celebrem a Missa 'ad orientem' e fiéis comunguem de joelhos
Por John-Henry Westen – LifeSiteNews | Tradução Sensus fidei
“Queridos padres, devemos ouvir novamente o lamento de Deus proclamado pelo profeta Jeremias: “eles voltaram suas costas para mim” (2:27). Voltemo-nos novamente para o Senhor!"
LONDRES, 5 de JULHO de 2016 – Falando em uma conferência sobre a liturgia em Londres (em 4 de julho de 2016), o Cardeal Robert Sarah (foto), a mais alta autoridade sobre o assunto na Igreja Católica sob o Papa Francisco, pediu a todos os bispos e sacerdotes que voltem a adotar a antiga postura na Missa, onde o sacerdote se volta para o Tabernáculo, juntamente com toda a assembleia, em vez de permanecer de frente para o povo. Ele pediu que a postura seja adotada para o Advento deste ano, que começa aos 27 de novembro. Durante o mesmo discurso, Cardeal Sarah encorajou todos os católicospara que recebam a Comunhão de joelhos. Durante a sua conferência, o prefeito da liturgia do Vaticano revelou que o Papa Francisco lhe pediu para “continuar o trabalho litúrgico iniciado pelo Papa Bento (XVI).”
Observadores do Vaticano estão particularmente chocados de que o Papa Francisco, considerado por muitos como um liberal, tenha incentivado uma abordagem litúrgica tradicional. Todavia o cardeal Sarah disse: “Nosso Santo Padre Francisco tem o maior respeito pela visão litúrgica e pelas medidas do Papa Bento”.
Dom Dominique Rey
O bispo francês Dominique Rey, presente na conferência, assumiu o pedido do Cardeal Sarah sem hesitação, prometendo, pelo menos, começar a implementar a mudança em sua diocese para o Advento. Rey, Bispo de Fréjus-Toulon, dirigiu-se ao Cardeal Sarah na conferência, dizendo: “Em resposta ao seu apelo, gostaria de anunciar, agora, que certamente, no último domingo do Advento deste ano, em minha celebração da Santa Eucaristia na Catedral, e em outras ocasiões, conforme apropriado deverei celebrar ‘ad orientem’ – voltado para o Senhor que vem”. Dom Rey acrescentou ainda: “Antes do Advento enviarei uma carta aos meus sacerdotes e fiéis sobre esta questão para explicar a minha ação. Devo incentivá-los a seguir o meu exemplo.”
E a tal 'inculturação' na Igreja?
Cardeal Sarah usou com propriedade do seu patrimônio africano para esclarecer com brilhantismo as coisas. “Eu sou um africano”; disse ele. “Deixe-me dizer claramente: a liturgia não é o lugar para promover a minha cultura. Pelo contrário, é o lugar onde minha cultura é batizada, onde minha cultura é levada para o divino!” [– Resistamos à tentação de imprimir grandes cartazes com a estas palavras e pendurá-las às portas das residências de certos bispos brasileiros...].
Sarah sugeriu que os Padres do Concílio Vaticano II pretenderam trazer mais fiéis para a Missa, no entanto, a maior parte deste esforço falhou. “Meus irmãos e irmãs, onde estão os fiéis dos quais os padres do Concílio falaram?”, perguntou; e prosseguiu:
“Muitos dos fiéis são agora infiéis: eles não participam na liturgia. Para usar as palavras de S. João Paulo II: 'Muitos cristãos estão vivendo em um estado de apostasia silenciosa; eles 'vivem como se Deus não existisse'1. Onde está a unidade que o Concílio esperava alcançar? Nós ainda não chegamos a ela. Fizemos um progresso real em chamar toda a humanidade para o seu lugar na Igreja? Eu acho que não."
Ele expressou “profundo pesar” pelas “muitas distorções da liturgia em toda a Igreja de hoje”, e lembrou que a “Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções.”
Um dos abusos mencionados por ele é quando os padres “se afastam para permitir que os ministros extraordinários distribuam a sagrada Comunhão”, desde que muitos sacerdotes pensaram ser esta uma maneira de permitir uma maior e mais substancial participação dos leigos na Missa. Mas, conclui, “isto é errado, é uma negação do Ministério sacerdotal, bem como uma clericalização dos leigos” que não tem sentido e não é católica: “Quando isso acontece, é um sinal de que a formação foi muito errada, e que precisa ser corrigida”, acrescentou.
Ele incentivou uma recepção generosa da Missa tradicional em latim e também incentivou as práticas tradicionais propostas anteriormente pelo Papa Bento, incluindo o uso do latim na Missa nova, ajoelhando-se para a Santa Comunhão, bem como o canto gregoriano. “Devemos cantar música sacra litúrgica, e não apenas música religiosa, ou pior, canções profanas!”, enfatizou. “O Concílio nunca teve a intenção de que o rito romano fosse exclusivamente celebrado em língua vernácula, mas tinha a intenção de (apenas) permitir a sua maior utilização, em particular para as leituras”.
O prefeito da liturgia do Vaticano também fez questão delembrar os sacerdotes de que eles estão proibidos de negar a Comunhão aos fiéis que se ajoelham para a recepção do Santíssimo Sacramento. Mais do que isso, encorajou todos os católicos a receberem a Comunhão ajoelhados, sempre que possível. “Ajoelhar-se na Consagração é essencial. No Ocidente, este é um ato de adoração corporal que nos humilha diante de nosso Senhor e Deus. É um ato próprio de oração. Onde essa reverência e genuflexão desapareceram da liturgia, é necessário que sejam restauradas, em particular no momento da nossa recepção a Nosso Santíssimo Senhor na Sagrada Comunhão”.
Uma longa seção de sua palestra foi dedicada a conclamar os sacerdotes e bispos a celebrar a Missa “ad orientem” ou, seja, com o padre e os fiéis, juntos, voltados para Nosso Senhor:
“Mesmo que eu sirva como o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, faço-o com toda a humildade, como um padre e um bispo, na esperança de que se promova uma reflexão madura, boa formação e boas práticas litúrgicas em toda a Igreja. (...) Quero fazer um apelo a todos os sacerdotes: eu acredito que é muito importante que nós retornemos o mais rapidamente possível para uma orientação comum, dos sacerdotes e dos fiéis voltados juntos na mesma direção – para o Leste, na direção do Senhor que vem – naquelas partes dos ritos litúrgicos quando estamos nos dirigindo a Deus. Este é um passo muito importante no sentido de garantir que, em nossas celebrações o Senhor esteja verdadeiramente no centro.
E então, queridos padres, peço-lhe para que implementem essa prática sempre que possível, com prudência e com a catequese necessária, certamente, mas também com a confiança pastoral de que isso é algo bom para a Igreja, algo bom para o nosso povo.”
Durante todo o discurso, Cardeal Sarah destacou a grave responsabilidade dos sacerdotes em relação à Eucaristia. “Nós, sacerdotes; nós, bispos, temos uma grande responsabilidade”, disse ele. “Com o nosso bom exemplo construímos uma boa prática litúrgica; com o nosso descuido ou má conduta prejudicamos a Igreja e a sua Sagrada Liturgia!”; – e advertiu seus colegas sacerdotes: “Tenhamos cuidado com a tentação da preguiça litúrgica, porque é uma tentação satânica.”
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1. Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, 28 de junho de 2003, 9.
Com Sensus Fidei. Publicado originalmente em:LifeSiteNews – Vatican Liturgy Chief asks all priests and bishops to face east for Mass, faithful to kneel for Communion