Pular para o conteúdo principal

Mercado voluntário ganha espaço diante das incertezas políticas

O mercado compulsório de carbono, cujas regras são ditadas principalmente pelo esquema europeu de comércio de emissões (EU ETS) e pelo Protocolo de Quioto, está atravessando um momento difícil em meio a desordem global em se tratando de política climática.
As incertezas pós 2012, quando expira o primeiro período de compromisso sob Quioto, somadas às falhas de segurança sob o EU ETS têm trazido muita dor de cabeça aos participantes deste mercado, que acabam recorrendo aos esquemas voluntários.
Se mostrando cada vez mais sólido, o mercado voluntário de carbono começa a ultrapassar as fronteiras e se consolidar ao redor do mundo.
Na semana passada, o Verified Carbon Standard (VCS – antes conhecido como “Voluntary Carbon Standard”) lançou a tão esperada versão atualizada do programa.
A Versão 3 do VCS incorpora anos de aprendizado tanto do programa quanto dos especialistas que participaram da revisão. Um seminário online será realizado em 22 de março (às 03:00 e 15:00 GMT) com informações introdutórias à nova versão.
Além disso, o VCS finalizou em fevereiro a composição do seu conselho consultivo com nomes reconhecidos internacionalmente pelo trabalho nos mercados de carbono, inclusive brasileiros. A seleção, pouco divulgada, foi concorrida, com 150 candidaturas para trabalhar no desenvolvimento de abordagens jurisdicionais híbridas (“nested”) para a redução das emissões por desmatamento e degradação (REDD) sob o VCS.
A iniciativa também desenvolverá critérios para o estabelecimento de linhas de base regionais para projetos de REDD, tanto para aprimorar o processo e reduzir os custos quanto para garantir consistência e integridade ambiental para os projetos.
Metodologias em várias áreas estão sendo analisadas pelo VCS para abranger reduções de emissão, como a melhoria na eficiência de frotas de veículos e proteção de florestas destinadas à exploração comercial (aprovada em fevereiro).
Assim como o VCS, outros padrões consolidados internacionalmente, como o Gold Standard estão dando a sua contribuição para o mercado voluntário. A Fundação GS anunciou na sexta-feira que um projeto chinês de energia eólica recebeu a sua certificação de mais alta qualidade. A desenvolvedora Tricorona deve receber cerca de 500 mil créditos de carbono ao ano pelo projeto.
O mercado voluntário surgiu há cerca de 20 anos, quando os primeiros projetos de compensação das emissões através da conservação florestal começaram a aparecer. Sempre houve muitas críticas como a sua efetividade e permanência das reduções de emissão, relegando o espaço voluntário aos projetos mais “inovadores” que não encontravam espaço no mercado compulsório.
Com o passar dos anos os padrões foram se desenvolvendo em conjunto com registros privados para oferecer créditos com garantias mais credíveis e o mercado voluntário se tornou um ambiente mais “palatável” aos críticos.
Até mesmo esquemas compulsórios como a programa de cap and trade da Califórnia já reconhecem padrões do mercado voluntário. Quatro metodologias do Climate Action Reserve (CAR) poderão ser utilizadas no programa californiano quando entrar em vigor em 2012 e outros padrões independentes estão buscando o mesmo caminho.
Em entrevista ao Ecosystem Marketplace, Rajinder Sahota, diretor do escritório de mudanças climáticas do California Air Resources Board, ressalta que a estrutura do mercado compulsório californiano foi em parte formada com lições aprendidas no mercado voluntário.
Os preços dos créditos CAR elegíveis no cap and trade californiano atualmente são comparáveis aos valores dos créditos voluntários mais “carismáticos”, como o Gold Standard, entre US$ 7 e $ 11.
Entretanto, mesmo com o pleno desenvolvimento das estruturas no mercado voluntário, ainda permanece o paradoxo entre a compensação de emissões e a real, efetiva redução de gases do efeito estufa nas atividades e processos produtivos.
O mercado mundial de redução de emissões é amplo e diverso. Mesmo se houver uma mudança radical na postura climática dos governos e for acordado um enquadramento para o cenário mundial de GEEs após 2012, sempre haverá espaço para novos projetos fora do ambiente compulsório.
Fonte: Carbono Brasil

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo