«Precisamos de perdoar 70x7, porque o nosso irmão nos ofendeu 490 vezes.Precisamos de perdoar 70x7 por cada uma das ofensas.»
Falamos muitas vezes em amor, em união e comunhão, mas caímos sempre na tentação de não conseguirmos perdoar.
Se não perdoamos, não conseguimos amar plenamente.
Caímos facilmente na desculpa de "eu perdoo, mas não esqueço".
É claro que este Deus não nos oferece um perdão em versão de alzheimer. Se assim fosse, não teríamos presente o quão difícil é perdoar. Não é para esquecermos. É para relembrarmos o quão difícil é darmos uma oportunidade àquele que, como eu, leva consigo a fragilidade humana.
Não há forma de sermos perdoados se antes não sentirmos em nós o poder do perdão. E não o sentimos quando somos perdoados, mas sim quando perdoamos. A lógica é sempre a mesma. Primeiro doar, para posteriormente saber acolher e respeitar.
É verdade que o mundo passa-nos outra imagem. Querem fazer chegar até nós a ideia de que quem perdoa é fraco, de que quem perdoa é palerma.
Não é isso que acontece. Ao perdoarmos estamos a dizer ao mundo que o amor "tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.".
Repito: não é fácil. Nem é coisa que se faça de ânimo leve, mas esse é o grande mistério do amor de Deus revelado no Seu Filho.
É certo que o Reino de Deus é já aqui, mas tenho ainda mais a certeza que através do perdão o Reino de Deus encontra-se já ao virar da esquina.
Ao perdoarmos estamos a rezar a vida.
Ao perdoarmos estamos a ir ao encontro.
Ao perdoarmos estamos a situar-nos bem no centro do amor de Deus.
Pe. Rui Santiago CSSR