Podemos dizer que o Catecismo põe fim a todo “achismo ou achologia” dentro da Igreja... Uma das maiores graças que recebemos de Deus, pelas mãos do Papa João Paulo II, foi o novo Catecismo da Igreja Católica. No discurso aos Bispos em Santo Domingo, no dia 12/10/92, na VI reunião do CELAM, referindo-se ao Catecismo que acabara de aprovar, o Papa disse: “Recentemente aprovei o Catecismo da Igreja Católica, que recomendo como o melhor dom que a Igreja pôde fazer aos Bispos e ao povo de Deus. Trata-se de um valioso instrumento para a nova evangelização, onde se compendia toda a doutrina que a Igreja deve ensinar”.
É preciso notar, que o Papa diz que o Catecismo é o “melhor dom” que a Igreja pôde fazer…
Nele encontramos um resumo excelente de toda a doutrina católica. Sabemos que um dos problemas mais graves da nossa Igreja é a falta de conhecimento da doutrina por parte da maioria do nosso povo. Isto deixa-o à mercê das seitas proselitistas.
Ao apresentar o Catecismo para toda a Igreja, através da Constituição Apostólica Fidei Depositum, o Papa ressaltou muitas coisas de grande importância. Sobre o valor doutrinal do texto, afirmou:
“O Catecismo da Igreja Católica, que aprovei no passado dia 25 de julho [1992], e cuja publicação hoje ordeno em virtude da autoridade apostólica, é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica, pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como uma norma segura para o ensino da fé…”
Com ênfase o Papa pede que todos (Pastores e fiéis) usem assiduamente o Catecismo:
“Peço portanto aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de Comunhão, e que o usem assiduamente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé e de convocar para a vida evangélica”.
E repete a sua importância:
“Este Catecismo lhes é dado a fim de que sirva como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica”.
“O Catecismo da Igreja Católica, por fim, é oferecido a todo homem que nos pergunte a razão da nossa esperança (cf. 1 Pe 3,15) e queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê”.
Essas palavras do Papa deixam claro a importância enorme do Catecismo para a Igreja e para cada um de nós que quiser serví-la. Este é o “texto de referência”, seguro e autêntico.
Daqui para a frente, ninguém mais pode viver o Catolicismo “a seu próprio modo”, como se a Igreja não tivesse uma doutrina oficial. Ninguém poderá discordar dos seus ensinamentos, ainda que seja um teólogo, padre, bispo ou até cardeal.
Podemos dizer que o Catecismo põe fim a todo “achismo ou achologia” dentro da Igreja. Com a publicação do Catecismo devem acabar as “opiniões próprias” em discordância com a doutrina oficial da Igreja, que tanto mal fazem aos fiéis.
Ao discursar aos Bispos do Brasil, do Regional Centro-Oeste da CNBB, que estiveram em visita “ad limina apostolorum”, em Roma, em 29/1/96, o Papa falou da importância do Catecismo para formar bem a consciência do povo:
“Formai-lhe a consciência reta, coerente e corajosa. Deixai-me deste modo insistir sobre a conveniência de valerem-se todos do Catecismo da Igreja Católica… para uma correta interpretação desta e de outras verdades da nossa fé”.
Para facilitar o seu uso como o “texto de referência” da fé e da moral católica, o Catecismo traz no seu final um Índice Temático, valiosíssimo, para que possamos fazer consultas rápidas. Cada um dos seus 2865 parágrafos é numerado, e, após as palavras chaves do Índice Temático, temos os números dos parágrafos que tratam do assunto procurado. Assim, por exemplo, se você quer saber a doutrina oficial da Igreja sobre o Purgatório, basta procurar no Índice Temático essa palavra, e logo em seguida a ela, encontrará os números 1030s.,1472. Basta procurar esses parágrafos e você terá o ensinamento sobre o Purgatório.
Foram os Bispos do mundo inteiro que pediram ao Papa a elaboração do novo Catecismo. Quando o Concílio Vaticano II completou 20 anos, em 1985, o Papa convocou em Roma, um Sínodo de Bispos do mundo todo, para avaliar os 20 anos do Concílio. Ao término do Sínodo, os Bispos foram unânimes em pedir ao Papa o novo Catecismo. O motivo do pedido foi para que ficasse claro para toda a Igreja, a sua doutrina oficial, nem sempre conhecida e obedecida por todos. O Papa, então, convocou uma equipe de 12 Cardeais, presidida pelo Cardeal Ratzinguer, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, para prepará-lo. Para auxiliar essa equipe, foi constituída uma outra equipe de sete Bispos peritos em catequese.
Quando a primeira versão ficou pronta, o Papa mandou-a para todos os Bispos (cerca de 3000), opinarem e darem as suas sugestões. Após isto, ele aprovou-a em julho de 1992.
Sem dúvida é um marco na história da Igreja, pois este é o Segundo Catecismo oficial. O primeiro foi elaborado pelo Papa S. Pio V após o Concílio de Trento, em 1566, (Catechismus ex Decreto Convilil Tridentini ) que fez frente à Reforma Protestante. É importante notar as circunstâncias em que a Igreja elaborou o primeiro Catecismo, chamado Romano. Foi para enfrentar a enxurrada de heresias do protestantismo, que ameaçava a fé católica em toda a Europa. O novo Catecismo atualizou o primeiro, sem nada revogar sobre os dogmas da fé. Muitos problemas surgiram nestes 430 anos que nos separam da elaboração do primeiro.
Da mesma forma que o Catecismo Romano foi elaborado para expor com clareza a fé católica, então conturbada por Lutero e seus seguidores, o novo Catecismo nos é dado hoje pelo Espírito Santo, como um instrumento poderoso de evangelização, de acordo com o Magistério da Igreja, a Tradição e a Bíblia. Ele é a mais autêntica interpretação da Revelação divina, oral e escrita. Podemos então, caminhar com a Bíblia numa das mãos e o Catecismo na outra. Assim estaremos seguros na fé.
No dia 15 de agosto de 1997 o Santo Padre, através da Carta Apostólica Laetamur Magnopere, aprovou e promulgou a edição típica latina do Catecismo. É a versão final do Catecismo. Na ocasião o Papa disse estas palavras:
“A Igreja dispõe agora desta nova e autorizada exposição da única e perene fé apostólica, que servirá como instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial, e também como texto de referência segura e autêntica”.
“A catequese encontrará nesta genuína e sistemática apresentação da fé e da doutrina católica uma via plenamente segura, para apresentar com renovado impulso ao homem de hoje a mensagem cristã em todas e em cada uma de suas partes”.
“A inteira atividade catequética poderá conhecer um novo e difundido impulso junto do Povo de Deus, se souber usar e valorizar de maneira adequada este Catecismo pós conciliar”.
“Multíplice e complementar é o seu uso, que se pode e se deve fazer deste texto, para que se torne, cada vez mais ‘ponto de referência’ para a inteira ação profética da Igreja, sobretudo neste tempo em que se adverte, de maneira forte e urgente, a necessidade de um novo impulso missionário e de um relançamento da catequese”.
“Ele representa um válido e seguro instrumento para os presbíteros na sua formação permanente e na pregação; para os catequistas na sua formação remota e próxima para o serviço da Palavra; para as famílias no seu caminho de crescimento rumo ao pleno exercício das potencialidades ínsitas no sacramento do matrimônio”.
“Os teólogos poderão encontrar no Catecismo uma autorizada referência doutrinal para a sua incansável investigação”.
“De modo geral, será mais do que nunca útil para a formação permanente de todo cristão que, consultando-o tanto de maneira contínua como ocasional, poderá redescobrir a profundidade e a beleza da fé cristã, e será conduzido a exclamar com as palavras da Liturgia Batismal: “Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja”. E gloriamo-nos de a professar em Cristo Jesus nosso Senhor( Rito da celebração do Batismo).”
“Convido o clero e os fiéis a um contato frequente e intenso com este Catecismo, que confio de modo especial a Maria Santíssima…”
E o Papa termina dizendo:
“Repetir-se-á assim, de algum modo, a estupenda experiência do tempo apostólico, quando cada crente ouvia anunciar na própria língua as grandes obras de Deus (cf.At 2,11).”
“Num certo sentido, poder-se-ia aplicar a esta circunstância a expressão paulina: “Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti” (1Cor11,23).”
Prof. Felipe Aquino
Retirado do livro: Entrai pela porta estreita, Editora Cléofas.