Por Ir. Jean-Dominique, o.p.
Tradução de Euro B. de Barros
Depois de ter aplicado sistematicamente a dúvida radical a absolutamente todos os conhecimentos que tinha admitido até então, o pensador, físico e matemático francês chegou à “descoberta” que revolucionaria definitivamente o mundo da filosofia, e influenciaria nossa maneira de pensar (e, consequentemente, todo o nosso modo de vida) até os nossos dias. Brotada como luz fulgurante do fundo de seu espírito, veio-lhe a conclusão da qual tentou, mas nunca conseguiu escapar satisfatoriamente: “Penso, logo existo” (cogito, ergo sum).
“Penso, logo existo”. Insofismável. Se eu sou capaz de pensar qualquer coisa, – até mesmo se eu próprio sou real ou não, – isto, por si só, já me permite afirmar com sólida certeza: “eu existo”(!). “Eu penso”, é o testemunho da minha inteligência quando se observa a si mesma. O fato de que eu existo é sustentado por essa luz do espírito que me diz, simplesmente, que eu penso.
A verdade adiciona ao ser somente uma analogia (comparatio) a uma inteligência: o fato de ser conhecida por uma inteligência. No caso da verdade ontológica (do ser em si), o verdadeiro e o ser são idênticos segundo a substância. Tudo aquilo que é, é verdadeiro, e vice-versa.
A verdade é o real enquanto conhecido exatamente. Real que não "esperou ser conhecido" para existir.
• A existência da coisa;
• A existência do “eu”que conhece;
• A aptidão da inteligência para conhecer, sua ordenação natural ao ser. Em outras palavras: a possibilidade e a existência da verdade.
São evidências que não se podem negar sem interditar todo conhecimento, e daí toda verdade, toda linguagem, toda vida.
Evidentemente, isto não exclui a possibilidade, e nem mesmo a necessidade, do juízo a priori, do silogismo que nos permite descobrir novas verdades a partir de coisas já conhecidas. Mas esse mesmo raciocínio extrai tais elementos da observação e apenas se completa com um julgamento; pois, com um retorno à existência concreta.
Tradução de Euro B. de Barros
Artigo 3º — O verdadeiro e o ser
Consideramos, até aqui, a verdade na inteligência que conhece. Falta-nos compará-la com a existência real das coisas. Há uma prioridade de uma sobre a outra? Uma é condicionada pela outra?
A questão é formulada naturalmente, porque, se o verdadeiro é anterior ao ser, o pensamento precede a existência das coisas. Caso contrário, se o ser tem prioridade sobre o conhecimento, parece que deve escapar à apreensão de qualquer inteligência.
A questão é formulada naturalmente, porque, se o verdadeiro é anterior ao ser, o pensamento precede a existência das coisas. Caso contrário, se o ser tem prioridade sobre o conhecimento, parece que deve escapar à apreensão de qualquer inteligência.
Essa questão se reveste de importância particularmente atual. No século XVII, renascia na Europa uma corrente de pensamento que se ampliou desde então, o idealismo. Para este, a realidade é o pensamento, é a ideia. O pensamento é anterior ao ser. Descartes (1596-1650) é considerado, com justiça, seu precursor.
Depois de ter aplicado sistematicamente a dúvida radical a absolutamente todos os conhecimentos que tinha admitido até então, o pensador, físico e matemático francês chegou à “descoberta” que revolucionaria definitivamente o mundo da filosofia, e influenciaria nossa maneira de pensar (e, consequentemente, todo o nosso modo de vida) até os nossos dias. Brotada como luz fulgurante do fundo de seu espírito, veio-lhe a conclusão da qual tentou, mas nunca conseguiu escapar satisfatoriamente: “Penso, logo existo” (cogito, ergo sum).
René Descartes |
“Havia bastante tempo observara que, no que concerne aos costumes, é às vezes preciso seguir opiniões, que sabemos serem muito duvidosas, como se não admitissem dúvidas, conforme já foi dito
acima; porém, por desejar então dedicar-me apenas a pesquisa da verdade, achei que deveria agir exatamente ao contrário, e rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dúvida, com o intuito de ver se, depois disso, não restaria algo em meu crédito que fosse completamente incontestável. Ao considerar que os nossos sentidos às vezes nos enganam, quis presumir que não existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, por existirem homens que se enganam ao raciocinar, mesmo no que se refere às mais simples noções de geometria, e cometem paralogismos, rejeitei como falsas, achando que estava sujeito a me enganar como qualquer outro, todas as razões que eu tomara até então por demonstrações. E, enfim, considerando que quaisquer pensamentos que nos ocorrem quando estamos acordados nos podem também ocorrer enquanto dormimos, sem que exista nenhum, nesse caso, que seja correto, decidi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais corretas do que as ilusões de meus sonhos. Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro princípio da filosofia que eu procurava.”
('Discours de la méthode pour bien conduire sa raison, et chercher la verité dans les sciences', – 'Discurso do método', – IV Parte)
“Penso, logo existo”. Insofismável. Se eu sou capaz de pensar qualquer coisa, – até mesmo se eu próprio sou real ou não, – isto, por si só, já me permite afirmar com sólida certeza: “eu existo”(!). “Eu penso”, é o testemunho da minha inteligência quando se observa a si mesma. O fato de que eu existo é sustentado por essa luz do espírito que me diz, simplesmente, que eu penso.
Esse axioma, – este princípio evidente que não precisa ser demonstrado, esta máxima sentença, esta norma admitida como princípio, – é o primeiro princípio da Filosofia que Descartes buscava, isto é, a fonte de onde dimana todo seu pensamento. "Assim", – vai concluir, – "Julguei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos mui clara e distintamente são todas verdadeiras".
A verdade, em resumo, cessa de ser relativa ao seu próprio ser, – a si mesma, – para estar ligada à luz interior do espírito, pensando-se este a si próprio.
Cuidemos de não passar muito depressa por essas “descobertas”, como faria um turista enfadado diante do quinquagésimo quadro de uma galeria. O Petit Larousse (1967) chama nossa atenção para essas novidades. No verbete “Descartes”, lemos: “Suas meditações fundaram a metafísica moderna, arruinaram a escolástica e estabeleceram um método novo de direção da razão”(!).
O Larousse, como é incrivelmente óbvio, não viu corretamente. Se fosse verdadeira, a novidade introduzida por Descartes destruiria todo o pensamento realista, até o próprio exercício mais elementar da razão humana. Para compreender melhor, comecemos por uma imagem.
A filosofia realista (Aristóteles, Santo Tomás) é como o lustre imponente e harmonioso de um grande salão vienense. Todas as peças de cristal estão dispostas com competência, e a solidez e a elevação do conjunto estão asseguradas por um pequeno gancho pendurado no teto. Como destruir de um só golpe o maravilhoso arranjo? Atacando o gancho. Destruir este significa “arruinar” o lustre.
O gancho que sustenta todo o pensamento realista, o princípio a que podem reduzir-se todas essas afirmações, é, precisamente, o objeto do nosso artigo, é a primazia do real. É a evidência indubitável da existência das coisas e das leis elementares do ser, como da aptidão natural da inteligência para conhecer o real. Isto é o bastante para enfatizar a importância do assunto que estudamos.
Eis como Santo Tomás responde a Descartes, cerca de quatrocentos anos antes. Seu raciocínio é simples:
“Assim como o bem diz respeito a um apetite, a verdade diz respeito a um conhecimento.”
(...)
“Uma coisa é cognoscível na medida em que é.”
(...)
“O ser e a verdade são conversíveis.”
(Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, XVI, I)
A verdade adiciona ao ser somente uma analogia (comparatio) a uma inteligência: o fato de ser conhecida por uma inteligência. No caso da verdade ontológica (do ser em si), o verdadeiro e o ser são idênticos segundo a substância. Tudo aquilo que é, é verdadeiro, e vice-versa.
No caso da verdade lógica, a verdade é conversível com o ser “ut manifestivum cum manifesto” (é claramente manifesto), como o que manifesta com o que é manifestado (ad 1). Dizendo de modo mais simples, a verdade é uma proclamação na inteligência daquilo que é, é uma leitura do ser, é a manifestação naquele que conhece da existência e da natureza do objeto conhecido.
A lição é simples, é a da primazia do real. O mundo que me envolve existe realmente, independentemente de mim. E entrega-se ao meu conhecimento precisamente porque existe.
A verdade é o real enquanto conhecido exatamente. Real que não "esperou ser conhecido" para existir.
As poucas linhas de Santo Tomás, reproduzidas acima, responderam ao sistema de Descartes? Sim, contanto que saibamos extrair delas toda a sua riqueza, o que pode não ser tarefa fácil, ao menos não para todos. Mas se as observarmos atentamente constataremos, com certeza, que destroem os três erros principais da chamada “metafísica moderna”: a dúvida universal, a fonte da certeza, o método a priori.
— I —
Descartes se contradiz — Examinemos o método seguido por Santo Tomás. Isto somente já é toda uma grande lição. Para demonstrar a ordem entre o ser e o verdadeiro, ele volta ao conhecimento, que é o miolo do seu raciocínio. Verifiquemos que põe diante dos nossos olhos não uma construção do espírito, mas um fato natural, cotidiano, indiscutível: o conhecimento. Se você busca a verdade, é a ela que deseja conhecer. Mas, se você deseja conhecer, é porque já sabe que existe algo por conhecer.
É então que aparece, claramente, a contradição interna do sistema de Descartes, que se dedica a fundar uma nova metafísica, em que possa provar absolutamente tudo, incluindo a existência das coisas e de nós mesmos e, por fim, de Deus. Com que títulos o faz? Como filósofo e matemático. Por que esse trabalho? Para conhecer. Antes até de pôr-se a trabalhar, afirma seu desejo de conhecer. E quando diz: “Quero conhecer”, admite, de fato, que há qualquer coisa por conhecer, e que existe um “eu”. Não pode duvidar dessas existências sem negar a si mesmo.
Tomemos uma imagem. Suponhamos um professor de física no país dos mudos. Ele se aproxima do quadro-negro e começa a aula escrevendo: “Até hoje, todos temos acreditado que se poderia escrever num quadro-negro com um giz. Esse juízo antecipado não é científico. É preciso pô-lo em dúvida e prová-lo rigorosamente. Isto é o que tentarei fazer diante de vocês nesta manhã. Se a demonstração não for comprobatória, será preciso destruir todos os quadros-negros da escola”. Pois foi exatamente isto, em outros termos, que procurou fazer Descartes.
Não faltaria aluno provido de bom senso para denunciar o ridículo da situação. Se o professor pega num giz e escreve que nega a possibilidade de escrever com um giz, mente a si mesmo(!). Seu próprio gesto pressupõe que ele está absolutamente certo, – ainda que não o queira confessar, – da existência do giz e do quadro-negro, bem como da aptidão deste para receber a impressão do giz.
No que estamos tratando, o quadro-negro é a inteligência humana; o giz é o real existente, real que informa à inteligência quando ela o conhece, em maior ou menos medida. O ato mais elementar do conhecimento humano admite, implicitamente, sua existência.
Vê-se, quanto àquele que põe em dúvida, que esta não passaria de um instante, e por uma questão de método. Quanto à existência real das coisas, e de si mesmo, o método tomista é o seguinte: demonstrar-lhe que se contradiz, que serra o galho em que está assentado. “Trata-se de devolver o indivíduo àquilo que ele vê; dissipar as nuvens dialéticas que lhe ofuscam a visão; sacudi-lo um tanto rudemente, a fim de arrancá-lo da sua embriaguez metafísica, ou do seu entusiasmo oratório”. Talvez seja suficiente lembrá-lo de que ele mesmo, não mais do que qualquer outro idealista, não vive de acordo com os seus princípios. Descartes não parou para pensar ao beber o leite da sua mãe! E ninguém pára, numa longa demonstração, sobre a existência do seu corpo para sentar-se à mesa.
— II —
O critério último da verdade — Fica bem destruído aquilo que se substitui. Assim, para demonstrar a falsidade do ponto de partida do sistema cartesiano (isto é, a dúvida universal), é preciso demonstrar a correção do ponto de partida do pensamento realista.
Vimos que a pretensão de tudo poder demonstrar é, em si mesma, uma contradição. Na origem do pensamento deve, pois, encontrar-se uma certeza que não pode ser demonstrada nem tem necessidade de sê-lo, um conhecimento primordial que se impõe por si mesmo, isto é, uma evidência (no sentido filosófico do termo).
A evidência se emprega, em primeiro lugar, em relação ao sentido da visão. Um objeto está em evidência, uma coisa é evidente quando “saltam aos olhos”, quando são visíveis ao primeiro golpe de vista. Não se pode deixar de vê-los, a não ser que se seja cego.
Aplicado ao conhecimento intelectual, esse termo exprime a qualidade de um objeto que aparece em plena luz ao espírito. Sua verdade se impõe pelo próprio fato da sua presença. A evidência é essa sorte de clareza por que o objeto é manifestado à inteligência, e arrebata sua adesão de maneira imediata e infalível.
Quais são as evidências primeiras que estão na origem de todas as nossas certezas?
Para Descartes, como já vimos, é o testemunho do seu próprio pensamento. Pondo em dúvida toda evidência vinda do exterior, ele vê-se reduzido a indagar ao seu próprio espírito, trabalhando sobre si mesmo. Só serão “evidentes”, para ele, as idéias “claras e distintas”, nascidas do seu próprio conhecimento por uma sorte de autofecundação(!). Cai num solipsismo absoluto e inescapável.
Santo Tomás, no artigo em que nos encontramos, mostra a futilidade desse novo princípio, fazendo-nos constatar “que uma coisa é cognoscível na medida em que é”. Para que algo seja conhecido, precisa primeiramente existir.
Isto não quer dizer, somente, que não se pode conhecer uma coisa que não existe. Quer dizer, sobretudo, que a inteligência humana, quando conhece uma coisa, não se contenta em ver a natureza universal do seu objeto, mas a alcança como a um existente. Ela apreende, ao mesmo tempo, se bem que de maneira diferente, tanto a sua natureza (donde forma um conceito) como esta perfeição que a põe fora do nada, a existência.
É o fato de ter existência real que torna o objeto cognoscível, isto é, coisa capaz de ser conhecida. É por este aspecto que ele se entrega, antes de tudo, à inteligência.
Santo Tomás nos põe no âmago do conhecimento. Desvela o ponto de contato mais íntimo da inteligência com o real, e contesta o princípio de Descartes. A fonte primeira da certeza não pode ser a “ideia clara”, mas o real em si mesmo.
O objeto natural da inteligência é o ser concreto existente, não ela mesma. Antes de poder ter consciência de si mesma, é preciso que conheça, – que esteja em contato imediato – com seu objeto. É preciso que se abra a uma realidade que ela não "inventou", elaborou, idealizou ou intuiu. Não existe pensamento de nada. A inteligência é, naturalmente, orientada para o ser.
É, pois, no contato inicial da inteligência com o ser que é preciso buscar a evidência, a certeza primeira anterior a todo raciocínio. Ela nasce dessa primeira abertura da inteligência à existência das coisas, na qual esta se entrega àquela, e na qual o sujeito vê, pelo fato mesmo de que conhece, sua aptidão de extrair o verdadeiro.
As evidências primeiras resumem-se nesta simples afirmação:“Eu conheço uma coisa”. Afirmação que pressupõe uma tríplice evidência:
• A existência da coisa;
• A existência do “eu”que conhece;
• A aptidão da inteligência para conhecer, sua ordenação natural ao ser. Em outras palavras: a possibilidade e a existência da verdade.
Nesse contato inicial e imediato, o ser entrega à inteligência suas próprias leis. São os primeiros princípios do ser: o princípio de identidade e de não-contradição (o ser é; o não ser não é; todo ser é o que é; não se pode ser e não ser ao mesmo tempo, e sob o mesmo aspecto); o princípio de causalidade (tudo aquilo que não é por si é por outro); o princípio de finalidade (todo agente age para um fim).
São evidências que não se podem negar sem interditar todo conhecimento, e daí toda verdade, toda linguagem, toda vida.
— III —
O método a posteriori – Nosso artigo nos permite replicar um terceiro defeito do sistema cartesiano: seu método a priori. Após ter duvidado de tudo, e depois de ter posto nas “ideias claras e distintas” da sua interioridade a fonte de toda certeza, Descartes construiu o seu sistema filosófico sobre o modelo das matemáticas. Todas as suas afirmações não são mais que juízos a priori. O primado do pensamento sobre o real, que presidiu à gênese do conhecimento correto, se estende a todo o cognoscível. O sujeito pensante reconstrói, baseado na lógica, o real, a partir dos postulados de suas capacidades.
Santo Tomás nos dá a disciplina individual que deve seguir todo aquele que quer conhecer a verdade. Em qualquer nível que seja, a verdade não passa de uma manifestação daquilo que é. Para estar na verdade, o homem deve retornar, sem cessar, ao concreto; deve unir-se ao real de modo o mais cerrado possível. A primazia do real, que vimos na origem do conhecimento, retorna por toda a busca da verdade. A verdade não é para ser "inventada", ela nasce do contato fecundo da inteligência com o real. O ponto de partida do conhecimento humano deve ser a posteriori.
Evidentemente, isto não exclui a possibilidade, e nem mesmo a necessidade, do juízo a priori, do silogismo que nos permite descobrir novas verdades a partir de coisas já conhecidas. Mas esse mesmo raciocínio extrai tais elementos da observação e apenas se completa com um julgamento; pois, com um retorno à existência concreta.
Um exemplo será mais eloquente que um discurso para ilustrar esse fato. É o método seguido por Aristóteles na elaboração da sua Política.
Ele não começa sua busca afirmando, a priori, definições nebulosas. Observa os homens. Esse primeiro contato com o real lhe entrega um fato de experiência: a necessidade e o desejo, em todo homem, de dar continuidade à espécie, e sua tensão para um bem que não saberia alcançar sozinho. Outra constatação: aquele que deseja satisfazer a necessidade da reprodução deve unir-se a uma mulher pelos laços do casamento, e, para atingir sua perfeição, o homem deve pôr-se sob a autoridade de outro.
Em seguida, permanecendo fiel ao seu método a posteriori, Aristóteles prossegue em sua observação: essas famílias, esses embriões de sociedade, se reúnem em aldeias, depois em cidades, sendo a cidade a primeira comunidade humana autônoma e auto-suficiente para levar o homem ao seu bem (Politica).
Bem se vê que não há nisto tudo nada de petição de princípio nem de a priori. Tudo é observação do real. É o realismo aplicado à política.
Pode-se imaginar, através desse exemplo, as incidências práticas da questão da verdade. Hoje, um pensamento separado do real, e que pretende refazer o mundo desde seus fundamentos, as empurra mais do que nunca, como bem se pode constatar.
Nós o veremos, mais claramente ainda, no artigo seguinte...
** Continua
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Fontes e bibliografia:
• A Verdade: estudo filosófico. DOMINIQUE, Jean. Campo Grande: Ed. Santo Tomás, 2003.
• DESCARTES, René. Discurso do Método, trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
• DESCARTES, René. Meditações, trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
• A Verdade: estudo filosófico. DOMINIQUE, Jean. Campo Grande: Ed. Santo Tomás, 2003.
• DESCARTES, René. Discurso do Método, trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
• DESCARTES, René. Meditações, trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
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