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A CELEBRAÇÃO DO ADVENTO





O Tempo do Advento, (quatro semanas que antecedem o Natal), é oportunidade para um mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de esperança, preparação alegre para a vinda do Senhor, meio precioso de recordar o mistério da salvação e reavivar os valores cristãos. Começa às vésperas do domingo mais próximo do dia 30 de novembro.
Tempo de esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, na vida eterna; esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida. É tempo propício à conversão, a "preparar o caminho do Senhor", vencendo o pecado, com uma disposição maior para a Oração e mergulho na Palavra.
O Advento, deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela Salvação que se realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.
As vestes litúrgicas (casula, estola, etc.) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de conversão em preparação para a festa do Natal, com exceção do terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria ou DomingoGaudete, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois, o Senhor está perto. (Fl 4, 4).


A COROA DO ADVENTO





Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a Coroa ou Grinalda do Advento. A coroa pode ser pendurada no presbitério, colocada no canto do altar ou em qualquer outro lugar visível. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem.


O círculo da coroa é símbolo do amor de Deus que é eterno, sem princípio, sem fim; também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma ideia de união entre Deus e as pessoas, como uma grande Aliança.


Os ramos sempre verdes são sinais de esperança e da vida nova que Cristo trará e que não passa. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna.


A fita vermelha que enfeita a coroa representa o amor de Deus que nos envolve e a manifestação do nosso amor que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
As quatro velas simbolizam as quatro semanas do Advento. No início, a coroa sem luz recorda-nos a experiência de escuridão do pecado. Na medida em que se aproxima o Natal, vamos acendendo uma a uma as quatro velas, representando assim a chegada, entre nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, que dissipa a escuridão.
A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.


Quanto à cor das velas, ainda podemos usar:




a) Três roxas e uma rosa: a cor roxa é um convite a purificar os nossos corações, para acolher o Cristo que vem. A cor rosa, no terceiro domingo, é um chamado à alegria, pois o Senhor está próximo. Detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.

b) Quatro velas nas cores litúrgicas:
Roxa - cor penitencial que lembra o perdão concedido a Adão e Eva.
Vermelha - expressa a fé de Abraão e demais Patriarcas.
Branca - simboliza a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança.
Verde - recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador.




c) Na falta de velas coloridas, podemos usar velas brancas ou amarelas, decorando-as com as cores das opções anteriores.
d) E elas podem ainda ser todas roxas, todas vermelhas, todas verdes ou em tons degradê.










O ato de acender as velas pode ser colocado no início da celebração eucarística, no início da liturgia da palavra ou em qualquer outro momento desde que se harmonize com a celebração. Em qualquer caso deve ser um momento que celebra o caminho de espera do Senhor. O acender das velas deve ser acompanhado de uma oração própria e de um canto, o mesmo para os quatro domingos.


No primeiro domingo deste tempo litúrgico, acende-se a primeira vela que simboliza o perdão a Adão e a Eva. No segundo domingo, a segunda vela acesa representa a fé dos patriarcas. Eles creram no dom da terra prometida. A terceira vela simboliza a alegria do rei David, que celebrou a aliança e sua continuidade. A última vela acesa no último domingo, ou seja, que antecede o Natal, representa oensinamento dos profetas que anunciaram um reino de paz e de justiça.


ORIGEM DA COROA DO ADVENTO







A origem da coroa do Advento remete-nos aos povos da Alemanha, que durante a escuridão do inverno faziam a união de luzes ao redor das folhas verdes na expectativa da primavera que renovaria a natureza. A origem deste costume é pagã. Os cristãos assimilaram estas tradições, marcando a espera do natal (nascimento de Jesus, luz do mundo) com a confecção de uma coroa luminosa, nos mesmos moldes das antigas tradições germânicas.


Entre as famílias protestantes, a coroa é originalmente feita com galhos de pinheiro enfeitado com fitas vermelhas. As velas eram roxas ou púrpuras, a cor da realeza. A quarta vela era rosa e expressava alegria. A vela do meio, incluída somente na noite do Natal, era branca e simbolizava o Cristo. Em casa cada família colocará a Coroa do Advento num lugar apropriado, num lugar de encontro da família.


Também cabe ressaltar a importância das cores das velas. Se você adotar, por exemplo, a cor vermelha para a primeira vela, utilize matizes mais claras para as outras duas, sendo a última sempre tem que ser branca. O mesmo serve para a cor verde ou azul. As cores escuras no início representam o início de tudo, o pecado de Adão e Eva, o início da humanidade à busca da evolução através dos tempos. Sucessivamente as outras duas velas de tons mais claros (em degradê), representam a esperança e a fé. Por último a vela branca está a luz Divina enviada através de Jesus, traduzindo a pureza e a união.


Esquema dos textos da liturgia


Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia expressa o aspecto escatológico do Advento, colocando nos corações a alegre expectativa pela segunda vinda de Cristo. Nas semanas seguintes, a Igreja nos prepara diretamente para a celebração do Natal do Senhor.
O 1º domingo é a da espera vigilante do Senhor. Preparar os caminhos é o tema específico do 2º domingo do Advento. O 3º domingo apresenta os tempos messiânicos, quando Deus vem salvar-nos e a sua vinda está próxima. O 4º domingo do Advento anuncia a vinda iminente do Messias.



TRADIÇÕES DIVERSAS A RESPEITO DAS VELAS DO ADVENTO:


Pesquisando aqui e ali, observamos que as velas mudam de cor e até de “posição” (1ª, 2ª, 3ª, 4ª), dependendo da “tradição”. Pudemos apurar basicamente quatro tradições diferentes:


PRIMEIRA:
1ª - Vela do profeta - vermelha
2ª - Vela de João Batista - Roxa
3ª Vela de Maria ou anjos - Rosa
4ª Vela de Jesus Cristo - branca.
SEGUNDA:
A primeira vela é do profeta;
A segunda vela é de Belém;
A terceira vela é dos pastores;
A quarta vela é dos anjos.
TERCEIRA
- A primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
- A segunda é a vela da fé dos patriarcas que creem na promessa da Terra Prometida;
- A terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
- A quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.
QUARTA:
As quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, representam:
- O tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
- O tempo dos patriarcas;
- O tempo dos reis;
- O tempo dos profetas.





FONTE:

BECKHÄUSER, Frei Alberto. Coroa de Advento: História, simbolismo e celebrações,Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

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