É UM TRISTE FATO que a maioria dos católicos jamais tenha ouvido falar dos católicos de Rito Oriental e, comumente, acabam confundindo a Igreja Latina, com suas tradições e disciplinas próprias, com a própria Igreja Católica.
O cristianismo, no decorrer de sua história, apesar de procurar manter um núcleo de fé essencial, foi vivido e expressado de diferentes maneiras, dando origem assim a tradições variadas dentro da grande Tradição apostólica. Isto nos ajuda a compreender porque desde o início da Igreja foi se estabelecendo uma maneira oriental e outra ocidental de se viver o Evangelho. Chegou um tempo em que infelizmente esta unidade na diversidade foi quebrada, e aí vieram, por vários motivos, os cismas e divisões. No catolicismo há essa confusão de se achar que ser católico é ser latino. Muitos não conseguem entender que é possível ser plenamente católico e não ser latino.
Assim, para muitos católicos de rito latino, cujos números mais recentes indicam corresponderem à esmagadora maioria (em quase 1 bilhão de católicos, apenas pouco mais de 10 milhões pertencem aos ritos orientais), há um verdadeiro desconhecimento da tradição oriental da Igreja.
Contudo, a Igreja Católica vem estimulando o conhecimento e a valorização da tradição oriental, mostrando que o Corpo de Cristo na realidade possui dois pulmões e que deve procurar respirar com os dois, como gostava de afirmar o Papa São João Paulo II.
Um católico de rito oriental, desta maneira, é plenamente católico, assim como o católico de rito latino, sendo o ponto de unidade, além do Cristo e seu Evangelho, a figura do Sumo Pontífice enquanto sucessor de Pedro. A diferença é que as Igrejas Orientais Católicas (que estão em plena comunhão com Roma), têm suas tradições e cânones próprios, os quais foram promulgados pelo Papa João Paulo II em outubro de 1990. Assim, na tradição oriental, por exemplo, o pão usado na divina Liturgia é o pão com fermento, a Comunhão sempre vai ser com as duas espécies; o homem casado pode ser ordenado sacerdote; as crianças ao serem batizadas também são crismadas; a Liturgia e a própria Teologia também têm suas peculiaridades.
No Vaticano existe a Sagrada Congregação para as Igrejas Orientais, cuja finalidade é acompanhar a realidade do cristianismo oriental em comunhão com Roma. Ainda assim, muitos entendem que o pluralismo dentro da Igreja pode gerar confusão e até levar ao relativismo religioso, o que não é verdade. Na realidade, este medo é fruto de uma falsa compreensão do cristianismo e de uma confusão conceitual na qual não se percebe que há uma grande diferença entre unidade e uniformidade.
Os católicos orientais também são chamados pelos irmãos ortodoxos, com sentido pejorativo, de uniatas, pois se uniram a Roma como se tivessem traído suas origens orientais. A situação do católico oriental, como vemos, é difícil, pois nós, católicos latinos, não os vemos como católicos, e seus irmãos orientais acham que eles se latinizaram e deixaram de ser orientais. Esta situação mostra, talvez, o desafio maior do católico oriental: mostrar que ser católico não significa necessariamente ser latino e que ser oriental e ortodoxo na disciplina não significa romper com o Bispo de Roma.
Quais são as Igrejas Católicas Orientais?
Imagem: L'Osservatore Romano |
- Igreja Copta Católica;
- Igreja Etíope Católica;
- Igreja Maronita;
- Igreja Síria Católica;
- Igreja Siro-Malancar Católica;
- Igreja Greco-Melquita Católica;
- Igreja Grega Católica;
- Igreja Ítalo-Albanesa Católica;
- Igreja Ucrâniana Católica;
- Igreja Búlgara Católica;
- Igreja Eslovaca Católica;
- Igreja Húngara Católica;
- Igreja Iugoslava Católica;
- Igreja Romena Católica;
- Igreja Rutena Católica;
- Igreja (Comunidade) Bielo-russa Católica;
- Igreja (Comunidade) Russa Católica;
- Igreja (Comunidade) Albanesa Católica;
- Igreja Armênia Católica;
- Igreja Caldeana Católica;
- Igreja Siríaca Malabar Católica;
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Para aprofundar:
• ARBEX, Pedro. A Divina Liturgia explicada e meditada, Aparecida: Santuário, 2000.
• Idem . Teologia Orante na Liturgia do Oriente. São Paulo: Ave-Maria, 1998.
• Codigo de Canones de las Iglesias orientales, BAC 542.
• Decreto Orientalium Ecclesiarum. In: Compêndio do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1989.
• DONADEO, Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ave-Maria, 1998.
• KHATLAB, Roberto. As Igrejas Orientais Católicas e Ortodoxas tradições vivas. São Paulo: Ave-maria, 1997.
• Papa João Paulo II. Carta Apostólica Orientale Lumen.