Pular para o conteúdo principal

Se tiver fé no Coração de Jesus, levante-se e ande! – O milagre de Santa Júlia Billiart



UMA VOZ SE FAZ ouvir: “Se tiver fé, em nome do Coração de Jesus, levante-se e dê um passo”. É seu diretor espiritual, Pe. Enfantin, que tinha convidado Júlia a uma Novena em honra do Sagrado Coração de Nosso Senhor. Ela, obediente e cheia de fé, dá um passo. E escuta o sacerdote: “Dê mais um passo”. Ela o dá. E, pela terceira vez: “Dê mais um passo”. Ela, cheia de assombro, vê que os passos vão se sucedendo, depois de terem ficado paralisados por mais de 22 anos!

É o quinto dia da Novena, em preparação à Festa do Sagrado Coração de Jesus. Júlia acabava de ser curada da paralisia, mas recebeu a ordem de não revelar, ainda, a cura. Assim, a beneficiada permaneceu como se fosse ainda paralítica até o último dia da Novena.

Era de manhã cedo e a comunidade reunida no refeitório ouviu passos. Madre Júlia entrando, caminhando com pé firme. “Milagre!”, gritaram as aluninhas! Voltam todas com as irmãs à Capela e, em coro, a uma só voz, cantam: “Te Deum Laudamus” – “A Vós, Senhor Deus, Louvamos”!

Este fato aconteceu na vida de Santa Júlia Billiart (ou 'Biliarte', na forma mais aportuguesada), fundadora da Congregação das Irmãs de Notre Dame. Nascida em Cuvilly, França, em 12 de julho de 1751, a 60 quilômetros de Paris, Rose Marie Julie Billiart distinguiu-se desde pequenina entre seus colegas de infância pela notável capacidade de alegre comunicação e transmissão da fé. Liderava seus colegas de escola e, nas horas de recreio, sentados à sombra de uma árvore, Júlia se tornava a contadora de histórias bíblicas, que memorizava com muita facilidade. Era chamada até de “minicatequista”.

A imposição do regime de terror da Grande Revolução Francesa (1789-1799) trouxe a descrença e a perseguição do clero fiel ao Papa, atingindo também os leigos defensores da fé católica. Júlia achava esconderijos para os padres fiéis e, ela mesma, denunciada como a “Bruxa de Cuvilly”, foi perseguida igualmente. Uma ocasião, bala traiçoeira, dirigida ao seu pai, atingiu-lhe, paralisando o seu sistema nervoso. Intervenções da precária medicina da época provocaram, aos poucos, a imobilidade dos membros, até chegar a paralisia total. O mal, entretanto, jamais conseguiu impedir suas andanças, ainda que em cadeira de rodas, para visitar doentes, distribuir esmolas, ouvir os desanimados e catequizar jovens e crianças.

Seguiram-se anos em que o mal se agravou e ela teve de sujeitar-se a ficar de cama. O seu quarto, então, transformou-se em sala de peregrinação, para onde afluíam continuamente pessoas de toda idade e categoria social, incluindo até mulheres da nobreza, que queriam ouvi-la falar do “Deus Bom” que tanto amava.

Eram palavras de sabedoria, de fé, que confortavam a todos os que a procuravam. O recolhimento no quarto favoreceu a que Júlia tivesse espaço para longas horas de contemplação dos Mistérios de Cristo. Acredita-se que ganhou, dessa experiência, a mística da “contemplação-ação”, que imprimiu ao Instituto Notre Dame, que viria a fundar em benefício da educação cristã.

Se sua vida católica, na infância e juventude, já tinha sido exemplo de compromisso com o bem dos demais, quanto mais sua vida adulta, marcada pela profunda experiência com o Deus Bom, foi movida por extraordinário ardor apostólico. O grupo de “padres da fé”, em suas missões populares, fazia questão de que Júlia, em sua cadeira de rodas, o acompanhasse para atender às crianças e idosos na catequese. Reconhecido esse seu excepcional dom de transmissão da fé, Padre J. Varin, coordenador do grupo de missionários, orientou-a a perenizar seu dom e carisma pessoal, fundado a Congregação das Irmãs de Notre Dame (Soeurs de Notre Dame). Isso aconteceu em 2 de fevereiro de 1804, em Amiens, no norte da França.

O dia em que a Igreja celebra Santa Júlia Billiart é hoje, 4 de abril. Santa Júlia Billiart, rogai a Deus por nós!

_________
Adaptado de artigo de Ir. Maria Fátima Maldaner, SND

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo